segunda-feira, 7 de junho de 2010

Você sabe o que eles já sabem

Fazer a sondagem do que os alunos conhecem no início do ano é essencial para melhorar a aprendizagem

Todo início de ano é igual. Novos alunos chegam à escola, outros partem, e a progressão dos estudantes faz com que os professores enfrentem sempre o desafio de acompanhar uma nova turma. Além de memorizar rostos e associá-los aos nomes, uma tarefa mais difícil (e importante) os aguarda: investigar o que cada aluno já sabe para planejar as primeiras aulas do ano.

A edição de fevereiro de NOVA ESCOLA traz a reportagem de capa com o título É Hora de Conhecer o Que Eles Já Sabem, sobre o chamado diagnóstico inicial, ou sondagem das aprendizagens. O diretor, nas reuniões deste início de ano, deve reforçar para a equipe a importância de realizar essa atividade fundamental para a melhoria do diálogo entre o ensino e a aprendizagem. Afinal, não dá para decidir que os alunos precisam aprender sem antes descobrir o nível de conhecimento que eles já têm.

É papel do gestor e da coordenação pedagógica lembrar aos docentes que, diferentemente do que muitos acreditam, as crianças costumam saber muita coisa. "Antes mesmo de entrar na escola, elas têm ideias prévias sobre quase todos os conteúdos escolares. Desde pequenas, elas interagem com o mundo e tentam explicá-lo", afirma Jussara Hoffmann, especialista em Educação e professora aposentada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). "É preciso conhecê-las para não repetir conceitos nem propor tarefas além do que a garotada é capaz de compreender." Daí a importância da avaliação inicial. "Esse olhar é imprescindível para construir uma visão detalhada de cada estudante e, com isso, poder planejar as aulas com base nas reais necessidades de aprendizagem do grupo", explica Jussara.

Com o apoio da supervisão e da coordenação pedagógica, a equipe descobrirá que o bom diagnóstico inicial não tem o objetivo de contabilizar os erros ou classificar (e rotular) os alunos de acordo com o conhecimento em determinado conteúdo. Nem se trata de pedir que os alunos façam uma simples prova. "A ideia é enxergar os problemas comuns em determinada turma que permitam direcionar as atividades que serão dadas durante o ano para as verdadeiras necessidades de aprendizagem", afirma Leika Watabe, coordenadora do Programa Ler e Escrever, da prefeitura de São Paulo. Geralmente, essa avaliação é feita no começo do período letivo para que os professores usem os resultados no planejamento inicial. Contudo, fazer o diagnóstico das aprendizagens é um procedimento que deve ser adotado toda vez que for introduzido um novo conteúdo.

O bom diagonóstico é um mapa dos conhecimentos da sala

Não é qualquer atividade que serve para a realização de um bom diagnóstico. Não basta apresentar uma questão para obter um sim ou não como resposta - ou, no máximo, um comentário dos alunos mais participativos. O mais indicado é elaborar situações-problema que permitam que as crianças mobilizem todo o conhecimento que têm sobre o assunto. "A chave é refletir sobre o problema e trabalhar nele", ressalta Leika, "pois não é falando que elas vão mostrar o que sabem." Quer um exemplo? Se o professor perguntar o que um estudante pensa sobre os números, dificilmente ele conseguirá verbalizar uma resposta que explicite as hipóteses já construídas. Pode parecer óbvio, mas muitos docentes cometem esse equívoco.

Com as produções da garotada em mãos, os professores podem analisar, com o auxílio da coordenação pedagógica, o que cada um sabe e como faz as representações no papel. É importante que o gestor insista na realização de uma reunião com toda a equipe para ouvir as avaliações construídas com base no diagnóstico inicial - que permitem também compreender a lógica empregada pelo aluno na resolução da tarefa. O produto final desse trabalho é uma espécie de "mapa" com os conhecimentos presentes em cada sala. Se ninguém do 1º ano conhece um conteúdo, é claro que ele tem de ser trabalhado com toda a turma. Se a maioria já resolve bem determinadas questões, a chave é pensar em formas de dar mais atenção aos que precisam de apoio.

Sobretudo entre os alfabetizadores, fazer a avaliação inicial é uma prática comum. Em outras áreas, porém, essa atividade ainda não é muito difundida. O fato é que já existem formas amplamente testadas e aprovadas de fazer diagnósticos precisos para muitos conteúdos. Em Língua Portuguesa, por exemplo, ao pedir para um aluno escrever, é possível descobrir o que ele já domina em termos de ortografia, gramática e organização textual. Em Matemática, ao oferecer uma situação-problema, se avaliam os conhecimentos de uma estudante sobre escrita numérica e no que diz respeito à resolução de questões nos campos aditivo e multiplicativo.

A reportagem de NOVA ESCOLA traz ainda um guia detalhado de como realizar essa avaliação com diversos conteúdos de Matemática para as séries iniciais do Ensino Fundamental, com um passo a passo de atividades sobre escrita de números, campo aditivo e campo multiplicativo. Reserve um exemplar para os seus professores de Matemática, mas não se esqueça de que a sondagem de aprendizagens é muito importante de ser realizada em todas as disciplinas e em todas as séries. Estimule a sua equipe a pesquisar, em conjunto com a coordenação pedagógica, formas de implementá-la.

FONTE:http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/coordenador-pedagogico/voce-sabe-eles-sabem-avaliacao-inciial-diagnostico-sondagem-532550.shtml

Você sabe o que eles já sabem

Fazer a sondagem do que os alunos conhecem no início do ano é essencial para melhorar a aprendizagem

Todo início de ano é igual. Novos alunos chegam à escola, outros partem, e a progressão dos estudantes faz com que os professores enfrentem sempre o desafio de acompanhar uma nova turma. Além de memorizar rostos e associá-los aos nomes, uma tarefa mais difícil (e importante) os aguarda: investigar o que cada aluno já sabe para planejar as primeiras aulas do ano.

A edição de fevereiro de NOVA ESCOLA traz a reportagem de capa com o título É Hora de Conhecer o Que Eles Já Sabem, sobre o chamado diagnóstico inicial, ou sondagem das aprendizagens. O diretor, nas reuniões deste início de ano, deve reforçar para a equipe a importância de realizar essa atividade fundamental para a melhoria do diálogo entre o ensino e a aprendizagem. Afinal, não dá para decidir que os alunos precisam aprender sem antes descobrir o nível de conhecimento que eles já têm.

É papel do gestor e da coordenação pedagógica lembrar aos docentes que, diferentemente do que muitos acreditam, as crianças costumam saber muita coisa. "Antes mesmo de entrar na escola, elas têm ideias prévias sobre quase todos os conteúdos escolares. Desde pequenas, elas interagem com o mundo e tentam explicá-lo", afirma Jussara Hoffmann, especialista em Educação e professora aposentada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). "É preciso conhecê-las para não repetir conceitos nem propor tarefas além do que a garotada é capaz de compreender." Daí a importância da avaliação inicial. "Esse olhar é imprescindível para construir uma visão detalhada de cada estudante e, com isso, poder planejar as aulas com base nas reais necessidades de aprendizagem do grupo", explica Jussara.

Com o apoio da supervisão e da coordenação pedagógica, a equipe descobrirá que o bom diagnóstico inicial não tem o objetivo de contabilizar os erros ou classificar (e rotular) os alunos de acordo com o conhecimento em determinado conteúdo. Nem se trata de pedir que os alunos façam uma simples prova. "A ideia é enxergar os problemas comuns em determinada turma que permitam direcionar as atividades que serão dadas durante o ano para as verdadeiras necessidades de aprendizagem", afirma Leika Watabe, coordenadora do Programa Ler e Escrever, da prefeitura de São Paulo. Geralmente, essa avaliação é feita no começo do período letivo para que os professores usem os resultados no planejamento inicial. Contudo, fazer o diagnóstico das aprendizagens é um procedimento que deve ser adotado toda vez que for introduzido um novo conteúdo.

O bom diagonóstico é um mapa dos conhecimentos da sala

Não é qualquer atividade que serve para a realização de um bom diagnóstico. Não basta apresentar uma questão para obter um sim ou não como resposta - ou, no máximo, um comentário dos alunos mais participativos. O mais indicado é elaborar situações-problema que permitam que as crianças mobilizem todo o conhecimento que têm sobre o assunto. "A chave é refletir sobre o problema e trabalhar nele", ressalta Leika, "pois não é falando que elas vão mostrar o que sabem." Quer um exemplo? Se o professor perguntar o que um estudante pensa sobre os números, dificilmente ele conseguirá verbalizar uma resposta que explicite as hipóteses já construídas. Pode parecer óbvio, mas muitos docentes cometem esse equívoco.

Com as produções da garotada em mãos, os professores podem analisar, com o auxílio da coordenação pedagógica, o que cada um sabe e como faz as representações no papel. É importante que o gestor insista na realização de uma reunião com toda a equipe para ouvir as avaliações construídas com base no diagnóstico inicial - que permitem também compreender a lógica empregada pelo aluno na resolução da tarefa. O produto final desse trabalho é uma espécie de "mapa" com os conhecimentos presentes em cada sala. Se ninguém do 1º ano conhece um conteúdo, é claro que ele tem de ser trabalhado com toda a turma. Se a maioria já resolve bem determinadas questões, a chave é pensar em formas de dar mais atenção aos que precisam de apoio.

Sobretudo entre os alfabetizadores, fazer a avaliação inicial é uma prática comum. Em outras áreas, porém, essa atividade ainda não é muito difundida. O fato é que já existem formas amplamente testadas e aprovadas de fazer diagnósticos precisos para muitos conteúdos. Em Língua Portuguesa, por exemplo, ao pedir para um aluno escrever, é possível descobrir o que ele já domina em termos de ortografia, gramática e organização textual. Em Matemática, ao oferecer uma situação-problema, se avaliam os conhecimentos de uma estudante sobre escrita numérica e no que diz respeito à resolução de questões nos campos aditivo e multiplicativo.

A reportagem de NOVA ESCOLA traz ainda um guia detalhado de como realizar essa avaliação com diversos conteúdos de Matemática para as séries iniciais do Ensino Fundamental, com um passo a passo de atividades sobre escrita de números, campo aditivo e campo multiplicativo. Reserve um exemplar para os seus professores de Matemática, mas não se esqueça de que a sondagem de aprendizagens é muito importante de ser realizada em todas as disciplinas e em todas as séries. Estimule a sua equipe a pesquisar, em conjunto com a coordenação pedagógica, formas de implementá-la.

FONTE:http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/coordenador-pedagogico/voce-sabe-eles-sabem-avaliacao-inciial-diagnostico-sondagem-532550.shtml

Debate sobre formação continuada na escola

Troque ideias sobre a formação de professores na escola com Luiza Helena Christov, da Universidade Estadual Paulista (Unesp)


Atribuição principal do coordenador pedagógico, a formação continuada encontra diversos obstáculos para ser efetivada na realidade das escolas brasileiras. A falta de um tempo dedicado para ela na rotina dos professores é a mais evidente, mas a qualificação dos próprios coordenadores - que muitas vezes não se reconhecem como formadores - é a mais grave.

Para se tornar formador é necessário estudar as didáticas específicas, montar uma rotina que permita dar conta de todo o planejamento que a formação exige, além de saber compartilhar com clareza o conhecimento e construir uma relação de parceria com os docentes (habilidades que o autor português Antônio Nóvoa chama de tato pedagógico).

Ao reunir todos esses elementos, o coordenador possibilita que os professores reflitam sobre a prática de sala de aula e se tornem, ao longo do processo formativo, mais conscientes da intencionalidade de suas estratégias de ensino e capazes de modificá-las para melhorar a aprendizagem dos alunos. É a chamada transformação da prática, que deve ser o objetivo final de todo processo de formação em serviço.

Luiza Helena Christov, professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus São Paulo, acredita na formação continuada como um processo decisivo para a melhora da qualidade do ensino no país. "A formação em serviço é como trocar um pneu em um carro em movimento porque muitas vezes ela tem que preencher lacunas da formação inicial de profissionais que já estão trabalhando. Mas acredito que é possível construir um processo que efetivamente melhore o ensino e seja gratificante para formadores, professores e alunos", diz.

fonte:http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/coordenador-pedagogico/debate-formacao-continuada-escola-549588.shtml

Desafios do coordenador pedagógico

Mais do que resolver problemas de emergência e explicar as dificuldades de relacionamento ou aprendizagem dos alunos, seu papel é ajudar na formação dos professores


Muito se tem falado sobre o papel do coordenador pedagógico. Afinal, por que ele é necessário? Quem dera coordenar fosse simples como diz o dicionário: dispor segundo certa ordem e método; organizar; arranjar; ligar.

O coordenador pedagógico, muito antes de ganhar esse status, já povoava o imaginário da escola sob as mais estranhas caricaturas. Às vezes, atuava como fiscal, alguém que checava o que ocorria em sala de aula e normatizava o que podia ou não ser feito. Pouco sabia de ensino e não conhecia os reais problemas da sala de aula e da instituição. Obviamente, não era bem aceito na sala dos professores como alguém confiável para compartilhar experiências.

Outra imagem recorrente desse velho coordenador é a de atendente. Sem um campo específico de atuação, responde às emergências, apaga focos de incêndios e apazigua os ânimos de professores, alunos e pais. Engolido pelo cotidiano, não consegue construir uma experiência no campo pedagógico. Em ocasiões esporádicas, ele explica as causas da agressividade de uma criança ou as dificuldades de aprendizagem de uma turma. Hoje o coordenador organiza eventos, orienta os pais sobre a aprendizagem dos filhos e informa a comunidade sobre os feitos da escola.

Mas isso é muito pouco. Na verdade, ele se faz cada vez mais necessário porque professores e alunos não se bastam. Além das histórias individuais que todos escrevemos, é preciso construir histórias institucionais. É duro constatar a fragilidade de tantas escolas que montam um currículo e uma prática efetiva durante anos e perdem tudo com a transferência ou a aposentadoria de professores. Construir história nos torna humanos, e é de estranhar que, justamente na escola, tantas vezes tudo recomece do zero. O coordenador eficiente centraliza as conquistas do grupo de professores e assegura que as boas idéias tenham continuidade.

Além do que se passa dentro das quatro paredes da sala de aula, há muito mais a aprender no convívio do coletivo - no parque, no refeitório, na rua, na comunidade. A dinâmica nesses espaços deve ser ritmada pelo coordenador. É preciso lembrar ainda que só quem não está em classe, imerso naquela realidade, é capaz de estranhar. E isso é ótimo! É do estranhamento que surgem bons problemas, o que é muito mais importante do que quando as respostas aparecem prontas.

Só assim é possível que o coordenador efetivamente forme professores (e esse é o seu papel primordial). Ampliando a significação do dicionário, eu diria que no dia-a-dia de uma instituição educativa é preciso:
- dispor segundo certa ordem e método as ações que colaboram para o fortalecimento das relações entre a cultura e a escola;
- organizar o produto da reflexão dos professores, do planejamento, dos planos de ensino e da avaliação da prática;
- arranjar as rotinas pedagógicas de acordo com os desejos e as necessidades de todos; e ligar e interligar pessoas, ampliando os ambientes de aprendizagem.

Esse é o sentido de ser um bom coordenador, não de uma instituição, mas de processos de aprendizagem e de desenvolvimento tão complexos como os que temos nas escolas. Que os que desejam se responsabilizar por essa importante função vejam aqui um convite para criar um estilo de coordenar.

FONTE:http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/coordenador-pedagogico/