quinta-feira, 27 de maio de 2010

Conceito de Relação Pedagógica

A relação pedagógica pode ser definida como “o contacto interpessoal que se gera entre os intervenientes de uma situação pedagógica e o resultado desses contactos”, inscrevendo-se sempre “num quadro complexo de relações mediatizadas pelo saber e pelas condições institucionais criadas para essa transmissão/apropriação do saber” (Estrela, 2002).

Por “saber” deve entender-se o saber socialmente determinado, a nível dos conteúdos, da forma de transmissão, e, ainda, das formas de acesso e utilização. Assim, a relação pedagógica está dependente da sociedade e do poder político existentes numa dada época histórica, servindo para a “preservação e consecução dos seus fins”.

A relação pedagógica é uma relação social inédita criada aquando do aparecimento de uma instância educativa especializada que separa o aprender do fazer, a Escola, que historicamente é contemporânea da dupla revolução industrial e liberal, que marcou o final do século XVIII. Neste contexto, a relação pedagógica entre professor e aluno, no quadro da classe-turma, superou a relação dual mestre-aluno, induzindo uma nova forma de socialização, progressivamente hegemónica (Canário, 2005).

Até ao início do século XX a Escola gozou de uma forte legitimidade social e o professor assumia-se como o transmissor do saber e guardião dos valores tradicionais. Assim, a relação pedagógica era profundamente influenciada pela assimetria e distanciamento entre os interlocutores (professor-aluno).

A evolução económica e social após as duas Guerras Mundiais, a defesa dos princípios democráticos, os estudos da Psicanálise e da Psicologia do Desenvolvimento, vêm alterar significativamente o papel social da Escola e do professor, pedindo-se à primeira que seja um centro que incentiva a construção do saber e ao professor que se torne um organizador e estimulador do desenvolvimento cognitivo e sócio-afectivo dos alunos. Para isso, a relação pedagógica evolui, de uma relação cheia de certezas e com uma transmissão unidireccional do saber (professor-aluno) para uma relação contingencial e em que os interlocutores interagem e aprendem.
Nesta relação, o professor e o aluno encontram-se mais próximos, dada a valorização do saber e da experiência do aluno, e do seu papel activo na construção do seu conhecimento e na participação com os outros elementos da comunidade educativa.

Como grande parte do conhecimento dos alunos é adquirido fora da escola, esta deixa de ser unicamente um centro de construção do saber do aluno, para ser também um centro de reflexão critica sobre esse saber. Assim, o professor é chamado a assumir novos papéis, para além de ser especialista numa área do saber, também deve ser um assistente de aprendizagem e moderador do grupo (Estrela, 2002).

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