quinta-feira, 27 de maio de 2010

Relação pedagógica – relação de gestão de emoções

Autores como Fineman (1993), Nias (1996) e Day (1998), defendem que o ensino é um trabalho onde as emoções são primordiais. Estas têm um papel central de acordo com determinados pressupostos:
1. A inteligência Emocional está no coração da prática profissional (Goleman, 1995);
2. As emoções são indispensáveis para a tomada de decisão racional (Damásio, 1994, 2000 e Sylwerter, 1995);
3. A saúde emocional é crucial para um ensino eficaz;
4. A saúde emocional e a cognitiva é afectada pela biografia pessoal, pela carreira, pelo contexto social (trabalho e casa) e por factores externos (políticas educativas).

Segundo António Damásio (2000), o processo de recordar factos novos é reforçado pela presença de certos níveis de emoção ao longo da aprendizagem. Toda a aprendizagem que seja feita com elevado conteúdo emocional é mais eficaz que outra desprovida de emoção. Logo, a emoção é parte integrante da cognição.
O professor na sala de aula e na sua relação com os alunos deve estar consciente de que a emoção está presente e interfere directamente nos actos dos diversos actores. Ter emoções fortes, e por vezes contraditórias faz parte dia-a-dia de professores e alunos. O clima emocional que se desenvolve na sala de aula interfere directamente nas atitudes e práticas de aprendizagem.
Na relação pedagógica é essencial que as emoções positivas prevaleçam sobre as emoções negativas, para que professores e alunos mantenham o entusiasmo pelo ensino.
O professor deve estar consciente do trabalho emocional que é gerir os desafios de ensinar turmas com diferentes motivações, histórias pessoais e capacidades de aprendizagem diferentes. Alunos que esperam ser entendidos, ter sucesso, ou que não manifestam interesse em participar na experiência educativa e se tornam indisciplinados ou indiferentes. Todos estes aspectos têm de ser salvaguardados, para que a confiança no professor se mantenha, e por sua vez o professor mantenha o seu entusiasmo por ensinar, a “Paixão pelo Ensino” defendida por Cristopher Day, (2004).
O mesmo autor defende que o compromisso e relacionamento emocional entre professor e aluno são tão importantes para elevar os standards como o conteúdo intelectual da própria aula. Os relacionamentos emocionais positivos com os alunos poderão também contribuir para uma melhoria do comportamento e aumentar a motivação dos alunos para aprender: “é a componente afectiva que guia a atenção dos alunos e é a principal determinante do aproveitamento escolar.” (Oatley e Nundy, 1996)
Para que a emoção e o ensino adquiram uma posição de qualidade, os professores deverão ter um sentido de identidade claro, saber quem são, em que circunstâncias ensinam e que influências condicionam o seu ensino, desenvolvendo uma prática profissional apaixonada e consciente. É necessário que o professor tenha um sentido de identidade pessoal, profissional, social e emocional para conseguir ser eficaz.

Relação pedagógica – relação de amor

A relação educativa é entendida alguns autores como uma relação de amor: a criança deseja aprender pelo seu desejo de ser aceite, recompensada e reconhecida como bom aluno; o professor deve preparar o caminho para uma relação baseada no respeito e no afecto que estabelecerá as condições da situação de trabalho (Vítor Franco, 2004).
A criança identifica-se com o professor nos seus objectivos e necessidades, o professor precisa de se identificar com a criança e com a sua tarefa. Em seguida há que transformar o “trabalho para o amor” em “amor pelo trabalho”.
O professor terá de desenvolver uma boa capacidade de observação empática, de comunicação e de se dar, como de conhecimento sobre os conteúdos e métodos implicados nessa aprendizagem. “As crianças respondem à personalidade total do professor e, de modo recíproco, ao respeito, apreciação e entusiasmo que o professor comunica à criança sobre si mesmo” (Vítor Franco, 2004)
A relação professor e aluno são afectados não apenas pelos sentimentos e expectativas do aluno mas, também, pelas acções do professor, o seu comportamento, aspirações, medos e outros problemas de que o próprio professor não estará consciente.


Relação Pedagógica – relação sócio-institucional

Uma outra visão é a defendida por Gilly (1989) que defende que a relação pedagógica não pode apenas estar centrada na relação professor-aluno. Para o autor a psicologia da relação educativa só faz sentido se atendermos à importância dos factores sociais e sócio-institucionais (objectivos educativos, processos e métodos educativos, estruturas, modalidades de funcionamento da instituição, referências ideológicas). Defende, por isso, que para estudar a relação professor-aluno é necessário admitir a existência de um modelo de relação educativa imposta pela instituição educativa, que por sua vez não é independente. Assim, a margem de manobra dos parceiros da relação, nomeadamente do professor, é limitada por constrangimentos da instituição que o emprega. A relação pedagógica não se apoia na psicologia da pessoa mas sim numa psicologia de personagens, atenta ao papel desempenhado pelo professor e aluno no quadro institucional onde interagem. Segundo Gilly uma psicologia da relação educativa centrada em factores de personalidade conduzirá a explicações e soluções de carácter ilusório. (Ana Carita, 1993)

Relação Pedagógica – uma Relação de Confiança


Com base na análise dos itens 9 e 11 do artigo “Profissionalidade Pedagógica e Formação de Professores”, de Jorge Olímpio Bento (1994), iremos abordar a temática da relação pedagógica assente numa relação de confiança estabelecida entre professor e alunos.

As principais ideias que o autor explicita nestes itens encontram-se interrelacionadas, através do esquema que a seguir se apresenta:
RELAÇÃO PEDAGÓGICA

Superioridade do professor em termos de profissionalidade
Respeito pela experiência do outro
DIFERENÇAS DE COMPETÊNCIA ENTRE PARCEIROS

APRENDIZAGEM
RELAÇÃO DE CONFIANÇA “PARTICULAR”

Neste artigo, destinado à formação de professores, o autor coloca a ênfase nos requisitos fundamentais do professor, como profissional, para o estabelecimento da relação pedagógica que conduz à aprendizagem do aluno. De entre esses requisitos, são abordados nestes itens os que se relacionam intrinsecamente com o estabelecimento de uma relação de confiança, essencial para a eficácia do acto pedagógico.
De entre os autores consultados, a necessidade do estabelecimento de uma relação de confiança entre professor e alunos é consensual, incluindo, embora, variantes de acordo com o tipo e a intensidade das emoções envolvidas.
Sendo o acto pedagógico um processo de relações interpessoais, o professor deve procurar melhorar essas competências.
De acordo com diversos estudos tanto as expectativas dos alunos como as dos professores em relação à competência de uns e de outros, têm influência na relação de confiança entre eles e, consequentemente na aprendizagem real (Christopher Day, 2004).
Existem outros dois factores que também impressionam positivamente os estudantes, facilitado a sua relação com o objecto em estudo. Um deles é a segurança do professor relativamente ao tema abordado, ou seja, o conhecimento que ele demonstra sobre o conteúdo. O aluno sente confiança e envolve-se na relação pedagógica sem medo. O outro factor é a relação que o professor mantém com o tema estudado, ou seja, se o professor demonstrar paixão pelo seu objecto de ensino, acaba contagiando o aluno (Sérgio A. S. Leite, “Afectividade e Práticas Pedagógicas”, 2006).

O diálogo e a negociação são sempre o melhor caminho para resolver os problemas e conseguir criar um clima propício à aprendizagem. Já que os alunos valorizam muito mais as qualidades humanas e relacionais do professor, sendo essas qualidades importantes para o desenvolvimento da confiança pedagógica. Frequentemente, os professores privilegiam mais os aspectos cognitivos, resultados escolares e atitudes morais face ao trabalho. O autoritarismo e a distância são, também, estratégias utilizadas pelos professores para manterem um clima de respeito na sala de aula. No entanto, essa “neutralidade afectiva na relação pedagógica”, não é a estratégia mais adequada para evitar conflitos, dado que essas situações são mais facilmente ultrapassáveis se houver um clima amistoso e empático.
O professor quando actua sem consistência e sem coerência, quando estabelece regras e não cumpre, não só põe em causa a sua autoridade como se torna um modelo de transgressão e cria um sentido de imprevisibilidade.
É uma traição da confiança (Estrela, 2002).

“O professor deve assumir a sua posição de adulto, que tem um saber, competências, que faz parte dos seus valores. Em resumo, apresentar uma personalidade equilibrada na qual o aluno confie, uma referência humana com a qual este possa se identificar. Um guia, capaz de se concertar com outros docentes para conceber modos de acções coordenadas, e de realizar um projecto”(Postic, 2007 )

FONTE:http://obrigadoaeducareeducadoparainstruir.blogspot.com/

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